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O sentido da arte

O sentido da arte Entrevista de Nildo Viana com José Braga. José Braga: Segundo sua definição de arte, alguns "artistas" que jogam tinta aleatoriamente em telas fazem arte? Por quê? Nildo Viana: Esse é um caso específico e diferenciado. A arte, em minha concepção, é expressão figurativa da realidade, uma determinada forma de expressar a realidade, marcada pela figuração, o que remete ao reino da ficção. É claro que é preciso entender que realidade engloba tudo o que existe, inclusive os sentimentos dos indivíduos que produzem arte. Assim como é preciso entender que não se trata de “refletir a realidade”, seja a partir da ideologia leninista do reflexo ou qualquer outra concepção ideológica e “objetivista”. Trata-se de “expressão”, o que significa que alguém expressa e sob forma singular. Isso também não significa “subjetivismo”, pois quem expressa é um ser humano, histórico e social e só assim pode ser compreendido. A singularidade remete ao seu pr

A Música como totalidade

A Música como totalidade* 1 José Braga   · Brasília, DF 19/9/2008 ·   62   ·   2 A Música é algo curioso. Ela nos chega e toca através da audição. Mas embora seja a audição o forte da música, ela ultrapassa o universo dos sons e penetra no universo da consciência e dos sentimentos. Isto é engraçado. Como coloca o sociólogo Nildo Viana, a música está entrelaçada com sentimentos e consciência (1). Refletindo sobre isso, chega-se a conclusão que é verdade. Uma música não é apenas transmissão de sons, mas também de sentimentos e consciência. Por isso a música deve ser vista como uma totalidade. Ela é um todo, um fruto da sociedade e da história, mas também do indivíduo singular (2) inserido em determinadas relações sociais, manifestando determinada consciência, sentimentos, valores através de sons e palavras. Assim, a música crítica é aquela que busca desenvolver uma determinada forma de consciência, a consciência crítica. Os sons, agradáveis ao ouvido, se tornam mais significat